quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Relato de uma de minhas viagens ao centro-oeste do Brasil

    Quando eu morava em Florianópolis fiz duas viagens ao centro-oeste. A primeira delas foi à cidade de Nobres, para participar de um Encontro de Comunidades Rurais. Foi numa fazenda, nos fundos da qual havia um riacho de águas cristalinas onde todo o pessoal tomava banho nú. Curioso é que no começo notei que havia um único casal que não tirava a roupa. A mulher ficava de maiô... Pouco mais tarde descobri que era um pastor luterano do Rio Grande do Sul. Ele contou que no começo se escandalizou, mas mais tarde acabou se acostumando. Os peixes eam tão mansos que vinham dar pequenas "beliscadinhas" na gente. Tempos depois me contaram que após o término do encontro o "comportamento do pessoal que ficou lá "descambou": começaram a pescar os peixes para comer, atitude incompatível com a filosofia da maioria dos participantes, que era ou macrobiótica ou vegetariano, ou, no máximo, ovo-lacto-vegetariano...
    Neste encontro houve uma experiência interessante de psicodrama, ao término do qual, após passarmos pela terra, pelo amor e pela flôr, pudemos constatar que a maioria dos participantes tinha como ponto de convergência a vida...
    Na volta passamos por diversos locais interessantes: fomos à Chapada do Guimarães, onde fica o ponto geodésico da América do Sul. Olhar para baixo, deitados somente com a cabeça para fora da aresta dos paredões verticais foi um espetáculo único! Na estrada de ida, paramos na Garganta do Diabo e em inúmeras cachoeiras onde tomavamos banho. uma delas tinha uma plataforma com um furo, embaixo da qual tomavamos banho... Fiquei hospedado em um casa após andarmos de jipe pelo cerrado e encontrarmos uma siriema correndo... Jean, um francês que estava conosco, dormiu em seu sleep-bag ao ar livre, pois achou a casa muito cheia. Acordou de manhã com a barba, bigodes e cabelos cheios das gotículas da cerração...
    Voltamos para Cuiabá e pegamos um ônibus para Poconé. De lá fomos de carona até o Porto Cercado, ponto final das chatas carregadas de sacas de cimento que eram rebocadas de Corumbá até lá... Foi no porão de uma destas chatas que descemos o rio Cuiabá, pelo meio do Pantanal, até Corumbá... Impressionantes os ninhos dos tuiuiús e os os jacarés nas praias das margens... Foram dois dias e duas noites de viagem... Chegamos em Corumbá pela porta da frente! Eu já tinha estado duas vezes nesta cidade ribeirinha, mas sempre tinha chegado "pelos fundos": de trem não se chega pela porta da frente que é o rio... Pois lindo era ao anoitecer o conjunto do casario colonial voltado para o rio!
    Peguei o trem para Campo Grande e a menina que estava me fazendo companhia desceu para visitar Bonito. Eu segui viagem. Fui até Campinas no trem e lá fiz baldeação para outro que ia para São Paulo... Ainda bem que alguém me avisou para não ficar na plataforma do trem com a cabeça sequer um pouco para fora: passou um poste à uma distância que parecia ser coisa de 2 cm! Imaginem!
fim da primeira parte...

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