quinta-feira, 20 de outubro de 2011

George Harrison

Ainda pretendo trabalhar mais nos links...
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(Texto original de http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=48533)


Como George Harrison mudou a forma como nós acreditamos
 
Como o guitarrista principal da maior banda de rock do mundo e como um prolífico compositor, George Harrison, dos Beatles, assegurou o seu lugar na história da cultura pop. Mas seu maior legado pode ser a forma como a sua busca espiritual de décadas moldou a forma como o Ocidente olha para Deus, para os gurus e para a vida.A reportagem é de Steve Rabey, publicada no sítio Religion NewsService, 11-10-2011. A tradução é deMoisés Sbardelotto.
Harrison, que morreu de câncer em 2001 aos 58 anos de idade, foi um superstar global intensamente privado. Ele está agora novamente no centro das atenções, graças a um livro de sua viúva Olivia e a um novo documentário de Martin Scorsese no canal HBO [assista aqui ao trailer, em inglês].
Ambos os projetos são intitulados Living in a Material World, uma frase inspirada no hinduísmo que Harrison escolheu para uma canção de 1973 que ilumina a sua teologia e o seu senso de vocação artística:
"Got a lot of work to do / Try to get a message through / And get back out of this material world." ["Tem um monte de trabalho a fazer / Tente passar uma mensagem / E voltar deste mundo material."]
Harrison descobriu a religião oriental através do seu amor pela música oriental, que surgiu quando David Crosby e Roger McGuinn, dos The Byrds, apresentaram-no ao trabalho de Ravi Shankar, o renomado músico de cítara que se tornaria seu grande amigo e mentor.
Harrison acrescentou linhas de cítara no hit de 1965 dos BeatlesNorwegian Wood. Quando ele viajou para Bombaim no ano seguinte para estudar com Shankar, ele ficou comovido pela espiritualidade do povo indiano.
"A diferença aqui é que a religião deles é vivida a todo segundo e a todo minuto das suas vidas", disse Harrison, que, assim como Paul McCartney, cresceu em uma comunidade católica romana devota, mas rígida, de Liverpool.
Anteriormente, Harrison já havia procurado inspiração mediante a maconha(introduzida aos Beatles por Bob Dylan) e o LSD, que lhe fez sentir a unidade com o cosmos. "Foi fantástico", disse ele uma vez. "Eu me senti apaixonado, não por alguma coisa nem por ninguém em particular, mas com tudo".
As drogas, no entanto, não foram suficientes. "O LSD não é uma resposta de verdade", ele disse.
Em 1968, Harrison levou os Beatles e seus célebres amigos a uma peregrinação aRishikesh, na Índia, para estudar meditação transcendental com o Maharishi Mahesh Yogi. O Maharishi, assim como outros astutos gurus orientais, usou o apoio de estrelas do rock para divulgar a si mesmo entre os buscadores espirituais do Ocidente, muitos dos quais adotaram os Beatles como videntes e oráculos.
Na maioria das vezes, porém, Harrison deixou sua música falar.
Sua música sonhadora e banhada de cítara Within You Without You  abriu o lado B do clássico álbum Sgt. Solitária Pepper Hearts Club Band, de 1967. A canção contrastava o individualismo ocidental com o monismo oriental:
"And the time will come when you see we're all one / and life flows on within you and without you." ["E virá o tempo em que você verá que somos todos um / e que a vida flui dentro de você e sem você."]
I Me Mine, a última música gravada pelos Beatles em rixa, atacava "the ego, the eternal problem" ["o ego, o eterno problema"].
Depois que os Fab Four se separaram, a carreira solo de Harrison floresceu. All Things Must Pass, seu álbum solo de 1970, era um box de três LPs que a revistaRolling Stone chamou de "a Guerra e Paz do rock and roll". O coro de My Sweet Lord, um single número um, alternava cânticos de "Aleluia" e de "Hare Krishna".
Trinta e um anos e 13 álbuns depois, a última música gravada por Harrison foi a faixa título do seu lançamento póstumo de 2002, Brainwashed. A música cataloga a crise espiritual da humanidade, implora por libertação divina, repete "Deus" 48 vezes nos coros e encerra com Harrison e seu filho Dhani cantando um hino hindu.
"George estava fazendo uma música espiritualmente desperta", disse o cineastaScorsese. "Todos nós ouvimos e sentimos isso, e eu acho que essa foi a razão pela qual ele veio a ocupar um lugar muito especial em nossas vidas".
As crenças de Harrison eram tão complexas quanto as estruturas de suas canções. Suas maiores composições combinavam melodias pop convincentes e antigos ensinamentos religiosos, com letras que vão desde a alegria (Here Comes the Sun) à sobriedade (Beware of Darkness).
Ele produziu um álbum de cantos sobre a Consciência de Krishna e tocou com DylanRoy Orbison no Traveling Wilburys. Ele poderia ser enfadonho, pedante e displicente com relação aos problemas do mundo "material", mas também organizou oConcerto para Bangladesh de 1971, com diversas estrelas, arrecadando 10 milhões de dólares para as vítimas de tragédias humanas e naturais.
Sendo um hindu "estilo cafeteria", as canções de Harrison se inspiravam em tudo, desde as memórias de Ram Dass (Be Here Now) ao Tao Te Ching (The Inner Light), passando pela Autobiografia de um Iogue de Paramhansa Yogananda (Dear One) .
Outras canções eram minissermões que ilustravam conceitos hindus como a reencarnação (Art of Dying), o karma (The Lord Loves the One [That Loves the Lord]), a divindade interior (The Inner Light), a natureza ilusória e enganosa da "realidade" (Devil's Radio) e a superficialidade espiritual da contracultura dos anos 60 (The Day the World Gets 'Round).
"Harrison exemplificava a religião consumista", disse Dale Allison, autor de The Love There That's Sleeping: The Art and Spirituality of George Harrison. "Ele era curioso e lia muito, e gostava de experimentar coisas que ele lia".
Harrison foi talvez a estrela do rock mais explícita e consistentemente teológica do último meio século. Embora ele tenha fracasso ao tentar converter todos às suas crenças, ele empurrou seus companheiros de banda – e seus fãs ouvintes – um pouco mais para o Oriente, encorajando o público a se abrir a novas (ou muito antigas) influências espirituais.
Ou, como disse a sua viúva, Olivia, ele "transcendeu as distrações do sucesso e da fama para manter um foco unidirecional sobre a sua meta do despertar espiritual."
Assista aqui a George Harrison tocando, ao vivo, a música My Sweet Lord.
Para ler mais:

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Soon, oh, soon the light

A Porta do Delírio!
Breve oh tão breve a luz!

O Captain My Captain!


Soon oh soon the light
Pass within and soothe the endless night
And waiting for you
Our reason to be here...

http://letras.terra.com.br/yes/89850/



Dead Poets Society: Pensem! Reflitam!


Ai!
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espsnh
ppbqgrf
filo
pardal




quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Ser bom ou justo...

...ou chegar um pouco mais perto de se-lo.

É difícil, mas tem algumas dicas nesse artigo cujo original está em http://planetasustentavel.abril.com.br/blog/gaiatos-e-gaianos/voce-quer-ser-bom-ou-justo/


Você quer ser bom ou justo?

Giuliana Capello - 04/10/2011 as 20:50
Certa vez, durante uma aula sobre comunicação não-violenta, ouvi do professor Dominic Barter um pouco de sua experiência com grupos bastante heterogêneos. Ele costumava trabalhar com executivos, crianças e presidiários, ensinando-lhes técnicas de prevenção e resolução de conflitos. Tanto nas empresas e escolas como nos presídios, quando Barter perguntava sobre os valores fundamentais na vida de cada um, as respostas dos grupos eram muito semelhantes: de modo geral, todos falavam em felicidade, paz, amor, prosperidade.
Mas, então, por que será que na prática nossas ações não caminham efetivamente na direção daquilo que queremos para nossas vidas? Por que há uma lacuna tão grande entre nossos valores e nossas ações? Seriam nossos valores apenas retórica ou um desejo idealizado de nós mesmos? Se você diz que a paz é importante nas suas relações, por que é tão difícil assumir uma postura de não violênciapara com os mais próximos?
Tempos atrás, na ecovila, organizamos um encontro para refletir sobre nossos valores e o tipo de agir no mundo que mais se sintonizaria com eles. Fizemos diversas vivências, exercícios, diálogos, e chegamos a uma lista belíssima de “boas intenções”. Sim, porque hoje sinto que os valores lançados como base da comunidade são, na verdade, aquilo que nós queremos ser, mas ainda não conseguimos por completo. Eles são um norte, uma direção, um destino mais do que desejado – mais ou menos como nossa constituição ou nossas leis ambientais, tidas como uma das melhores do mundo, mas que no mundo real só são bonitas mesmo no papel…
Simplicidade, amorosidade e cooperação são alguns dos valores-chave definidos pela comunidade. Mas nada como um conflito real para testar a sintonia entre teoria e prática… Mês passado, tivemos alguns problemas com o gado de um dos vizinhos que insistia em entrar na ecovila (já diz o ditado que a grama do vizinho é sempre mais verde e, nesse caso, aqui os terrenos ainda não construídos têm capim alto e abundante, bem diferente do pasto ralo que os bois encontram em casa…). Felizes, os animais comeram parte de algumas hortas, pisaram e defecaram na beira da nascente (que fornece nossa água) e ainda deixaram uns carrapatos pelo caminho.
O que fazer? Em reunião, a comunidade lançou algumas sugestões de como resolver isso com o vizinho, que se mostrou arredio à ideia de pagar metade da cerca que precisaria ser refeita – prática comum entre vizinhos de lotes rurais, pelo menos aqui na região. Todas as ideias, devo confessar, me decepcionaram. Não quero aqui entrar em detalhes, culpar uns e outros, mas apenas aproveitar o fato para refletir sobre a diferença entre ser bom e ser justo. Você já parou para pensar nisso?
A monja budista Charlotte Joko Beck (que faleceu este ano) dizia que “a melhor resposta para a injustiça não é a justiça, mas a compaixão”. Isso me lembra (pelo lado oposto), as telenovelas e as notícias policiais, que têm “sede de justiça”, mas, cá entre nós, tratam a tal justiça como sinônimo de vingança, como se a desgraça alheia pudesse fazer alguém menos infeliz…
Para mim, a história da cerca poderia ser resolvida sem qualquer drama: bastaria que a ecovila se responsabilizasse por suas fronteiras, com ou sem a parceria dos vizinhos para o pagamento da estrutura. E ponto. Sem gado, sem brigas, sem desarmonia. Mas não. Alguns integrantes querem justiça, querem que o vizinho dos bois espertinhos pague pela cerca de um jeito ou de outro, ou que resolva o problema de alguma outra maneira. E isso, na visão de muitos, significa pedir a mediação da justiça, da polícia e por aí vai.
“Às vezes, ser bom nos leva a ser bobos”, ouvi de um amigo, quando sugeri que simplesmente pagássemos pela cerca toda. “E ele não se responsabiliza por nada? Mas isso não é justo”, exclamou um terceiro. Eu, que já assumia a voz dissonante na reunião, disse que não me importaria se o vizinho me achasse boba, e que sentia que uma ação pacífica serviria de exemplo – ou terreno mais fértil – para possíveis futuras aproximações amistosas. Citei o profeta Gentileza para justificar minha crença de que uma ação gentil tem muito mais chances de gerar uma reação na mesma medida, e que, do mesmo modo, pedir justiça seria assumir uma incapacidade para o diálogo (coisa que, na minha opinião, ainda não podia ser dada como ineficaz ou inútil neste caso).
Prefiro sempre tentar ser boa a ser apenas justa. O conceito yogue de ahimsa (não violência) ou as ideias pacifistas de Gandhi ou, ainda, os princípios do kung fu são todos exemplos de filosofias que se estruturam na habilidade de agir evitando conflitos (com o outro e com você mesmo, pois poupar a guerra e terminar numa batalha interna também configura uma violência). Acredito que se queremos mudar alguns paradigmas – eu, pelo menos, tenho essa pretensão – é preciso buscar lá no fundo aquilo que ainda nos mantêm presos a um discurso que pouco conversa com nossas ações cotidianas. Para mim, ser bom ou ter compaixão antecede qualquer intervenção da justiça – que tem, sim, sua utilidade, mas nos casos extremos. Boba ou não, é com essa atitude que sinto criar ao meu redor, um pouquinho mais a cada dia, um mundo mais humano, amoroso e terno.