quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Assassinato de uma árvore

Cortaram, mataram a grande árvore que eu amava. Ela e à figueira que ia começando a abraça-la... Ela não estava sob minha jurisdição, mas minha esposinha podia ter pedido para que a poupassem... Mas não. Ela tinha medo. Somos pequenos quando aperta o medo em nosso peito, dizia o Taiguara em um de seus poemas.
Minha filha disse que a árvore estava oca, como que querendo justificar seu corte... Mas há árvores que são ocas pela sua própria natureza. E há pessoas também...
Chorei. Lembrei-me de Bonny Portmore, ouvi marchas fúnebres, comemorei antecipadamente o fim da raça humana... Quando então as árvores só serão mortas pelos raios, pelas erupções, pelos tornados e pelos seus semelhantes...
No dia seguinte, de manhã cedo, ouvi dois passarinhos olhando para o buraco que a ausencia da árvore deixou e emitindo um som estranho. Parecia o que? Uma pergunta? Onde está nosso ninho? Onde está nossa amiga, que nos abrigava? Que nos alimentava? Que tanto fez por nós?