terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Ao meu cunhado mais velho

Não posso falar pessoalmente. Acho que não...
Mas... Porque dizes "que divertimento!" quando me vê no trabalho braçal, limpando a calha, carregando lajotas?
Imagino, sabes o que? Que és preconceituoso. Como demonstrastes ser quando certa vez, quando víamos TV juntos, ao passar uma cena de um grupo de negros cantando e dançando dissestes: - "Esses negros só sabem fazer isso!"
Pois é, meu cunhado! Eu briguei com minha filha quando a vi contar uma piada com conotação racista. Eu tenho em mim que, como Einstein disse: "É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito...". Pois aí está. Tua filha casada com quem nem imaginavas há 18 anos... E hoje, tú demonstrando o velho preconceito dos portugueses contra o trabalho braçal, ao me ver trabalhando no quintal ("Deus me livre", dissestes, quando te convidei a me ajudar a trabalhar no quintal...).Pois saibas, meu querido, que não vejo no trabalho braçal nada que me torne menos digno. Nada desonroso. Vejo como algo saudável. Algo que me poupa o dinheiro da academia e me dá saúde.
Para mim, no fim, és uma catástrofe ecológica. Um paulistano bocó, metido a fino, que só sabe comerciar e nada fazer além de ver TV, deitado no teu berço explêndido. Ladrão de enceradeira. Incapaz de criar.
Desculpe meu desabafo.
É que "preciso falar".
Devias ver o vídeo que vi, do português preconceituoso, atropelado e atendido pelo médico negro. Ou pelo trabalhador braçal...
Dedicado a Avelino Rocha Neto...

Nenhum comentário: