segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Absorventes íntimos reutilizáveis

Curioso! Conversei sobre isto com o pai de uma namorada, Rui Tulio Cortesi (acho que o nome completo dele é Ruy Thullio de Thereza Cortesi), há cerca de 25 anos!
Ele achou um absurdo, disse que eu queria voltar no tempo, que era um atraso...
Não era tão absurdo assim. Vejam abaixo:

06/10/2008 - 12h10
Absorvente reutilizável tem apelo ambiental

Por Darlene Santiago, da Secretaria de Comunicação da UnB

Cada mulher usa, em média, 10 absorventes descartáveis em cada ciclo menstrual. Levando em consideração que, ao longo da vida fértil, cada mulher tem mais de 400 ciclos, o montante de absorventes jogados no lixo ultrapassa 4 mil unidades. O resultado é bastante claro para a formanda em Biologia da Universidade de Brasília (UnB) Mônica Passarinho: o plástico, que não é biodegradável, associado ao sangue orgânico, resulta em uma poluição de grande escala para todo o planeta.


A estudante fala com naturalidade sobre um assunto que, para muitas mulheres, ainda é tabu: menstruação. O tema levou a estudante a pensar em consciência ambiental e a dar valor a técnicas sustentáveis. Ela usa, produz e divulga pela universidade os absorventes reutilizáveis. O produto é feito de tecido, daí vem o lado ecológico. É biodegradável e, após o descarte, reintegra-se completamente à natureza em até um ano. Além disso, pode ser lavado e reutilizado por até cinco anos.


INOVAÇÃO - O produto se assemelha aos absorventes convencionais. Possui abas e botões de pressão para prender na roupa íntima da mulher. Existe a opção de absorvente mais longo, apropriado para o período noturno. É como um envelope de tecido e, dentro dele, há toalhinhas que absorvem o sangue e devem ser usadas conforme a intensidade do fluxo. Após o uso, basta lavar. Tanto o absorvente quanto as toalhas internas são feitos de tecido 100% algodão e podem ser reutilizados.


A iniciativa começou em 2005, quando Mônica interrompeu temporariamente seu curso na faculdade para fazer um estágio em Manaus. Do Amazonas, viajou pela América do Sul. Na Venezuela, conheceu uma australiana e, com a nova amiga, aprendeu a usar os absorventes reutilizáveis. O primeiro absorvente Mônica costurou a mão. Depois, criou mais produtos e passou a usar máquina de costura para produzi-los.


EMPREENDEDORISMO - Mônica fez absorventes para as amigas, para as amigas das amigas, e o negócio foi ficando sério. Nasceu, então, o lado empreendedor da estudante. Ela e a amiga Nara Gallina registraram a marca Modser, já produziram mais de 400 absorventes reutilizáveis e, atualmente, são as únicas que oferecem a opção no Centro-Oeste. Mônica conta que no início foi complicado, mas venceu o preconceito: “Tem gente que diz ‘que engraçado, vi isso no varal da minha avó’. Hoje temos casos de homens que compram para presentear suas companheiras”.


A idéia pode soar estranha e parecer um resgate ao passado, mas não é novidade em países como Estados Unidos e Austrália. No Brasil, o produto foi difundido pela geógrafa carioca Diana Hirsch e os absorventes reutilizáveis já são comercializados em algumas organizações não governamentais. Para Mônica, o projeto é gratificante. “É muito mais que usar um absorvente, é uma visão de mundo. É um consumo consciente e um cuidado maior com meu corpo”, diz.


Segundo a universitária, os absorventes descartáveis passam por processos de branqueamento e carregam substâncias químicas prejudiciais, como a dioxina, subproduto do processo de alvejamento com cloro. Com o uso do absorvente ecológico, o odor da menstruação é diferente, além de permitir que a mulher aceite o próprio corpo e aprenda a lidar com o próprio ciclo. Mônica mantém contato com as clientes e atesta mudanças. “Temos relatos de mulheres que passaram a se relacionar melhor com o ciclo e tiveram uma diminuição das cólicas menstruais e sintomas da tensão pré-menstrual”, diz.


Crédito da imagem: Roberto Fleury/UnB Agência


(Envolverde/UnB)

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(de http://envolverde.ig.com.br/materia.php?cod=52395&edt=1)

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